quarta-feira, 4 de junho de 2014

Chronos, Kairós e Aeon

 Não há nada que me irrite mais do que estar ansioso, querer que o tempo passe voando e só parar naquela hora, naquele momento que eu estou esperando há dias, meses ou, quem sabe, anos. É de fazer entortar os ponteiros e ver que não tem jeito, o tempo continua passando à sua maneira, segundo por segundo, hora por hora, e isso acontece vinte e quatro irritantes vezes, esse sentimento em mim gera um defeito imenso porque eu não consigo controlar meus sentimentos, viro um campo minado e nem precisam me encostar para as bombas explodirem aqui, ali ou acolá e eu já coloquei tudo a perder uma vez por isso e tudo está acontecendo novamente... preciso desativar cada uma dessas bombas, tomar um ar em algum lugar e esperar que as coisas aconteçam naturalmente sem machucar ninguém, nada pode dar errado agora que só faltam 3 dias, ou melhor, setenta e duas voltas no relógio.
 Outra coisa que me irrita muito é o fato d'eu não entender porque sinto tanto, porque nasci com o coração do tamanho de Júpiter, ter um amor imenso a oferecer e quando eu o faço a resposta não é bem aquela que eu espero. Eu reconheço que passei um tempo recusando tudo isso, quis viver sozinho achando que ninguém merecia o melhor de mim e depois de uns dois ou três anos eu abri meus olhos e me vi perdido, como numa floresta negra sem amigos ou namorada pra me estender a mão, mas, eu consegui sair e decidi pedir mais uma chance a todos, mostrar o meu arrependimento por ter ferido alguns que realmente gostavam de mim e por algum tempo tive a ilusão de ter conseguido, até fiz novos amigos, mas o panorama continuava o mesmo, salvo alguns poucos, raros, talvez dois ou três dentre quase quarenta.
 Alguns eu chamei pra passear, convidei para uma pipoca e até mesmo um sushi, fui o primeiro a puxar assunto por várias vezes, mas quando eu resolvi parar de me importar só pra ver quem sentiria falta eu não vi ninguém, isso me fez chorar, sofrer, sentir que o males do passado ainda estavam por aí, não em mim, mas nos meus amigos, eu senti toda a tristeza, todo o peso do passado, de estar sozinho e iludido como no passado, o tempo não apagou nada ainda.
 No meio desse pesar o meu coração não deixou de pulsar, ele ainda insiste em amar todos que eu insisto em chamar de amigos porque, no fundo, eu ainda espero que em algum tempo vocês respondam meus convites pra passear, pra comer pipoca, um sushi e que sejam os primeiros a puxar assunto comigo, me fazer sentir amado como eu me dediquei para fazê-los sentir da mesma maneira uns meses atrás.
 Sobre as demais preocupações que tenho, deixo em segredo, o mais sagrado dos segredos porque preciso aprender que não preciso dar importância a isso pois o mesmo sagrado irá se encarregar de tirá-las de mim.
 Só preciso deixar o relógio andar de acordo com a velocidade dos seus ponteiros e não interferir no sagrado tempo, pois tudo tem o seu tempo.